Conhecimento é poder.

Conhecimento é poder.
Por que o ler faz bem ao que há dentro de nós.

sábado, 7 de setembro de 2013

Reinventar

Reinventando



Já nem sei há quanto tempo não escrevo.
Fiquei tanto tempo sem escrever que já nem sei o que o tempo é. Mas, sei que tivemos tempo de viver até mesmo fatos históricos: os brasileiros acordaram, gritaram, manifestaram por aquilo que acreditam ser seu por direito e dormiram de novo. Fomos espionados pelos Estados Unidos. Até mesmo a nossa presidente foi espionada. Matamos. Matamos historicamente. Como seres humanos, somos de fato o maior câncer do nosso planeta. Quando já não estamos satisfeitos em matar a vida natural, matamos uns aos outros, e morte não tem idade ou identidade: dos mais velhos criminosos às mais inocentes crianças. E a vida segue para os que continuam vivos.
Entre tantos gritos dados e presos na garganta, um grito em especial se perdeu na multidão: o grito pelo amor. Este ninguém deu ainda.
Parece que de fato, a última pessoa que tentou falar de amor no nosso tempo, falou nos tempos de cólera. E foi crucificado por isso. Admiro a esta pessoa pelo simples fato de não ter se rendido em momento algum aos desejos da multidão que desejava o sangue e o ódio. Ainda assim, ele manteve firme aquilo em que acreditava. Manteve sua fé no Pai.
Acho muito bonito, quiçá prazeroso, o poder de fé que mantemos uns nos outros. E me lembro de sempre respeitar os desejos e limites de cada um.
Hoje, resolvi escrever. Já tenho querido escrever há algum tempo, mas não encontrei o tempo para escrever e, quando o encontrava, faltava a inspiração.
Acho incrível como a minha inspiração vem dotada pela minha tristeza.
Estou feliz com a vida, com o mundo, com o universo, comigo. Estou feliz com as minhas escolhas, mas sempre vejo (não posso deixar de ver) a necessidade de mudar, de reinventar. É o que estou fazendo no momento. Me reinventando.
A verdade é que as passagens da minha vida me viraram de cabeça para baixo.
No final - embora ainda não seja o final e, felizmente, estou longe dele -, minha vida tem seguido em uma velocidade absurda. Não sou sequer capaz de calcular a quantos quilômetros por hora (ou anos-luz), as coisas estão acontecendo para mim (ou comigo).
Minha vida entrou em um movimento incrivelmente desuniformemente invariável... E os físicos que me desculpem!
Não tenho tempo para o arrependimento, não tenho tempo para a tristeza, nem para a solidão. Só tenho tempo para sorrir, para seguir adiante, para ir em frente, para buscar minha paz de espírito, por esta, sou capaz de ir muito longe. Sou capaz de abandonar muita coisa e me reinventar quantas vezes forem necessárias.
Nada de copo de cólera. Nada de veneno alheio. Nada dessa história de beber veneno esperando que os outros morram. Não tenho paciência para isso, nem para gente assim.
O fato é que o tempo está passando e eu estou passando junto.
Não estou triste. Às vezes, um pouco desapontado, às vezes me frustro um pouco com um acontecimento ou outro, mas nada demais.
Como já dizia um velho adágio hindu: Isso também vai passar.
Hora de me reinventar mais uma vez.

domingo, 19 de maio de 2013

Seja


O amor não está além das nuvens.



Tirada por mim, Moisés Santos no alto da pedra da Gávea


"Perdemos tanto tempo tentando definir o amor e a vida que esquecemos de amar e viver. E assim, o amor não é e a vida passa..."





Sim, esta frase é minha.
Não a copiei de lugar algum e foi com ela que acordei para a vida de hoje.
Não, não se trata de acordar para a vida. Se trata de acordar para a vida de cada dia. E foi com esta que acordei. Foi o que me veio a mente pela manhã. Quando acordei, levantei, lavei meu rosto e me dei conta de que era domingo. Tinha uma longa viagem da minha casa ao centro da cidade e, do centro à Nova Iguaçu para viver mais um dia no meu projeto.

Durante minha viagem, minha frase não parava de martelar minha mente.Quanto tempo será que perdemos para tentar definir tudo o que está à nossa volta sem sequer lembrar de viver o indefinível?
A vida não se define, vivemos; o amor tampouco... amamos.
A triste impressão que nos fica é a de saber que o ser humano se sente melhor quando busca respostas para perguntas que não precisam, que estão no óbvio, em frente de cada um de nós.
Chega a ser cruel a imagem formada em nossas mentes de que o ser humano se sinta melhor quando abaixo de um jugo que pesa em suas costas e o faz andar quase que como pastando.
Não se vive felicidade. Ao inferno com a eudaimonia. A felicidade não importa.
A esperança se esvai com a caixa de Pandora e tudo o que sobra são as perguntas. Sequer se fica a vontade de viver. E todos sentem medo de morrer.
Se a vida se resume ao medo que se tem de viver e à morte que chegará em algum momento, o que há de errado com o meio, com o intervalo, a lacuna entre o início incerto e fim certeiro?
O que será que impede tanto ao ser humano de viver uma vida pura e amar-se, e, proporcionalmente ao próximo se o fim é o deitar-se sem nada do mesmo modo que veio?
Em fraldas começamos e em fraldas terminamos.
O que há de errado na História?
Para que tantas perguntas se não haverão respostas?
Estas são as minhas perguntas. Meu questionamento errante pela vida está no porquê da escolha do não viver. E ao que parece, se vive... como se nunca fosse morrer e se morre como se nunca tivesse vivido como já dizia certo dito.
Enquanto viajava naquele ônibus pensava, ao som de Maria Rita, que não parecemos fazer questão da vida. A impressão é que em nossa sociedade, a nossa vida não tem importância, ou ao menos não tanto quanto a vida alheia. Triste. Notei que, enquanto ouvia música e olhava para a rua que se movimentava porquanto meu ônibus andava, alguém olhava para mim parecendo querer saber o que eu pensava.
E eu pensava nisso: escrever. Colocar para fora a frustração que me atingiu pela manhã.
Talvez tenha sido uma bela frase, talvez só mais um para um adesivo de caminhão, mas foi minha frase. E não veio por beleza poética, veio por frustração matinal.
Mas também é poesia. É criação. É minha filha esta frase. Não vou criá-la e alimentá-la para que cresça. Esse é o maior dom que a palavra não precisa para se fazer viva; ela se faz crescer por si só enquanto outro a lê, seja para bom ou mau juízo. Ela tem seu próprio valor e com o valor vem a força.
No meio de minha frustração nasceu a beleza. Ela nasce mesmo em qualquer lugar.
Acho que deveria ter falado com aquela pessoa que me olhava o endereço do meu blog, pois entre todas as pessoas a quem dedico esse texto, vai também para ela.
Era nisso que eu pensava o tempo todo: não amamos, não vivemos, o amor não é, a vida passa.
Não quis dizer que o amor não existe porque o próprio existir já envolve um peso um tanto quanto negativo na questão proposta. O existir está associado ao ex-essere aquilo que sai do ser quis me referir à tristeza de o amor não ser, porque o ser é eterno, não importa quantas Eras passem, o amor sempre será amor. Sempre será entre nós ao invés de estar, uma vez que o verbo estar envolva a possibilidade da mudança de estado podendo não estar entre nós amanhã.
Fico triste só de pensar que precisamos materializar a ideia de algo que intermedie o amor de nós. Não consigo visualizar um ser vivo que tente me orientar sobre quem ou o que amar. Está no meu senso comum e também no incomum. Não é possível imaginar que tudo isso simplesmente passe por nós como se nunca tivesse acontecido.
Não é justo que, no fim, o amor não seja, a vida passe e fique sobrando para nós a frustração, a dor e o lamento de não ter amado ou vivido.
Não é justo que, no fim, não tenhamos sabido amar, culpando alguém por não nos ter ensinado quando o amor estava em nós a todo instante e ficávamos ali, perdidos e escondidos pelo medo de viver enquanto sabíamos que o fim seria o deixar de ser, a morte.
Por isso desejo que saibamos sempre viver e amar.
Sejamos o amor.
 

Paz!

sábado, 4 de maio de 2013

A vida ou os teus alicerces de gelatina?


"Sou o que sou! Não vou mudar!"
Esta é uma das frases mais ouvidas em nossa sociedade, em nossa cultura.
Não é difícil acreditar que todos já tenham dito esta frase um dia. Ou alguma outra frase parecida: "Têm que me aceitar do jeito que sou!".
Frases como essas são apenas manifestações de uma cultura que prega o amor ao próximo sem saber de fato o que o amor significa. É comum que as pessoas mais preocupadas em falar do amor são aquelas que menos o praticam. Isso é natural.
Em uma sociedade onde se impera o cristianismo, o dinamismo fica para trás. O que permanece é a estática das ideias. As pessoas são sempre as mesmas, têm as mesmas opiniões sobre tudo e qualquer coisa e sempre estão prontas a fazerem de seus mundos a coisa mais perfeita a ser visto pelos os olhos de outrém.
Uma prova disto é o próprio perfil do facebook.
Quem já encontrou um perfil onde alguém dissesse que detesta animais e crianças?
O cerne de toda esta situação pode estar associado ao fato de que todos tentamos construir uma boa aparência, tentando mostrar ao mundo o melhor de nós. Pelo visto, não faltará muito para que comecemos a adotar crianças africanas para mostrar mais ao mundo do melhor de nós, o melhor que somos.
É lamentável que seja tão difícil em uma cultura como a nossa rasgar o peito e gritar o que se pensa. Aquele que o faz é expulso da sociedade. Involuntariamente, não faltam Platões que possam expulsar poetas.
Ainda assim, Platão não expulsou poetas por prazer, preconceito ou despeito; fez aquilo por medo.
O poeta é um criador e, assim como na Grécia antiga, a nossa sociedade moderna também vive relutando a diferença. Quando o se diz que o diferencial é o que importa, esquecem-se de dizer que o diferencial é o que assusta. É irônico.
Criadores questionam. A filosofia de Platão não estava pronta para ser questionada.
O que encontrávamos então eram duas forças antagônicas: uma era o poder da criação, a poiesis, a outra era o amor à sabedoria (filo+sofia). O poder da criação não pode se chocar com o amor pelo saber.
Já dizia a Bíblia, no livro de Provérbios: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria".
Assim está nossa sociedade hoje: conformada sem se notar confrontada com o antagonismo de dizer que nunca vai mudar a cada vez que se muda. A cada vez que ocorre uma mudança.
Alguém pode dizer que mantém hoje, em sua idade atual, a mesma ideia que mantinha quando tinha 18 anos, um momento em que se estava descobrindo o próprio corpo e fundamentando seus estreitos sociais com o universo a sua volta?
A vida é uma constante mudança e, portanto, é triste dizer que nunca iremos mudar. Já estamos mudando. Só se diz que se é o que se é sem nunca se mudar quando alguém nota em uma outra pessoa uma mudança ou quando uma pessoa quer justificar-se por alguma mudança de opinão mudada.
A vida é sempre assim, ainda que não aceitemos ou não queiramos notar ou mesmo até que notemos e não queiramos aceitar.
Mesmo em uma novela, não há casal que comece nos primeiros capítulos e terminem juntos sem nunca terem se separado; o casal personagem não suportaria passar todo o tempo juntos. Seria cansativo demais. É necessário um movimento contínuo, desesperado, de mudanças, de medo, encontros e desencontros.
O mesmo se dá na vida.
Não é a vida quem imita a arte. É o oposto. O mundo das ideias está aqui, na vida que criará a arte. Somos nós os criadores. Não há espelho mágico que nos faça atravessar para o outro lado. Se há um multiverso que cruze com o nosso mundo, ele não está do outro lado de um espelho ou debaixo d'água.
Dizer que se é o que se é, é dizer-se estático, imóvel, sem vida. É deixar claro que, não importa o que aconteça, nunca se sairá do lugar.
É necessário ser sensível à vida, ao chamado do universo, ao farfalhar da folha de uma árvore, é necessário ouvir uma gota de orvalho pingando.
Pense em apenas uma palavra: evolução.
Seja sempre o que você é ou o que quiser ser. Mas, lembre-se de sempre mudar.
É importante.
Quando você muda, há um movimento de mudança no universo que atrai e se sente atraído por você.
Perder este movimento pode ser um perda irreparável.
Tenha sensibilidade de entender ao menos a diferença entre o nada e o vazio.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Narciso insatisfeito


Manifesto narcisista.

Definitivamente, não sabemos nunca o que pensar da vida.
Aceito de todo a ideia de singularidade que estudei nas aulas de Teoria Literária e devo muito disso aos grandes mestres que tive na Universidade.
Sou grato por ter entendido a 'singularidade do ser', mas me confesso um pouco arrependido por tê-la conhecido.
Quando penso em tudo que tenho feito da minha vida, cada passo que tenho dado, cada ponto de respeito que dou a minha singularidade como um todo, o quanto exijo que ela seja respeitada, tudo isso é uma forma de deixar com que o universo - que não está em decadência em mim - se manifeste e faça valer cada passo que dou na minha própria história.
Hoje, quando penso em mim mesmo, penso no quanto amadureci. Não vejo uma parte de mim sequer retrocedendo, e isso me causa uma grande satisfação. Estou feliz comigo mesmo.
Ao longo da minha caminhada, da minha própria história, tenho me considerado um homem realizado em todos os meus aspectos. Cada parte de mim tem se preenchido de uma centelha de mim mesmo. Cada parte do meu ser tem se acalentado pelo meu próprio calor e, em algum momento da história, acabei encontrando a chance de compartilhar o calor que tem me acalentado provando que ele é forte o bastante a ponto de poder acalentar o coração de outro. E tenho feito.
Não gosto muito de ter conhecido a singularidade do ser. De alguma forma, ela também se manifestou contra mim. A saudade que dá, mata, corta, roi, corroi, parece acabar a cada vez que encontramos aquele alguém que nosso coração parece saber amar. Damos o máximo de nós a cada momento a fim de mostrar quem somos, que de alguma forma temos um valor e queremos mostrar este valor que temos. Em algum momento da história você descobre que não há versão de sua própria história que não inclua aquela pessoa para quem o seu coração bate. Mas o amor é um sentimento egoísta, parece divertir-se com as dores que sentimos no nosso coração. Às vezes, declarar que tudo que sentimos é real, que o que bate aqui dentro é real, é verdadeiro não é o bastante. Temos que fazer mais. A questão está no que mais temos que fazer, o que estamos disposto a fazer. Eu, particularmente, não me disponho a fazer nada daquilo que não esteja ao meu alcance. Não faço.
Sou feliz com o que tenho para mostrar.
Não há momento em que a singularidade de um se alterne para satisfazer o ego do outro. Por isso chama-se singularidade e não outro nome.
O problema está em sempre se querer mais. Sempre se quer do outro que ele seja como nós. Como nós desejamos que fosse.
Isso não acontecerá nunca.
Esta é a minha singularidade.
Qual é a sua?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A beautiful mess

A beautiful mess
(Jason Mraz)



You've got the best of both worlds
You're the kind of girl who can take down a man then lift him back up again
You are strong but you're needy, humble but you're greedy
And based on your body language and shorty cursive I've been reading
Your style is quite selective but your mind is rather reckless
Well I guess it just suggests that this is just what happiness is

Hey, what a beautiful mess this is
It's like picking up trash in dresses

Well it kind of hurts when the kind of words you write
Kind of turn themselves into knives
And don't mind my nerve you can call it fiction
Cause I like being submerged in your contradictions dear
Cause here we are, here we are

Although you were biased I love your advice
Your comebacks they're quick and probably have to do with your insecurities
There's no shame in being crazy, depending on how you take these words
That paraphrase in this relationship we're staging

And it's a beautiful mess, yes it is
It's like we're picking up trash in dresses

Well it kind of hurts when the kind of words you say
Kind of turn themselves into blades
And the kind and courteous is a life I've heard
But it's nice to say that we played in the dirt, oh dear
Cause here, here we are, here we are
Here we are

We're still here

And what a beautiful mess, this is
It's like taking a guess when the only answer is yes

And through timeless words and priceless pictures
We'll fly like birds not of this earth
And tides they turn and hearts disfigure
But that's no concern when we're wounded together
And we tore our dresses and stained our shirts
But its nice today, oh the wait was so worth it

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pandora

A descontrução de Pandora.



Hoje, estava, mais uma vez, pensando em uma das produções megalomaníacas de James Cameron, Avatar.
Lembro-me que, a primeira vez que vi este filme, fiquei impressionado com a temática da história. Achei incrível como o desenrolar da história acontecia. Pensei em tudo que havia lido sobre o processo do 'existir', aquele processo que envolvia a palavra em seu puro latim, o "ex-essere", sair do ser. Movimento que se faz de dentro para fora, da alma para o corpo. Havia, com isso, compreendido que a personagem principal, o jovem militar, paraplégico de guerra estava se redescobrindo a medida que se via na possibilidade de poder andar de novo a cada vez que produzia o seu próprio ex-essere e tomava o corpo do Avatar de seu irmão gêmeo, cientista, falecido no mesmo planeta 5 anos atrás.

Achei incrível, lembro bem, como o militar se sentia a cada vez que entrava no corpo que o permitira andar. Achei de um romantismo incrível o amor que ele criara pelo planeta e todos os seus movimentos naturais.

Somos tolos e descobrimos isso ao longo do tempo!

Revendo o mesmo filme dias atrás, parei e pensei comigo mesmo: "Como pude ser tão tolo?"

Em momento algum se tratou de um ex-essere, tudo aquilo nada mais foi do que mais uma desculpa esfarrapada a fim de justificar a matança contra os índios. A diferença foi que, desta vez, envolvia uma personagem que iria salvar os nativos com toda sua força e inteligência militar norte-americana que, por alguma razão, descobre que o sentimento de colonização de seu planeta natal é algo ruim, mau, que tende para a infelicidade dos demais.
O pior é entender que, ainda assim, todo o movimento se trata de salvar uma nação que está perdida, uma nação selvagem. A questão é: Quem são os selvagens?

Após salva a nação e tendo a paz sido restabelecida, todo o exército e membros do governo irão embora. Por outro lado, um permanece. Um que de algum modo colonizará. Ele tem a língua e o idioma que pode causar toda a mudança do grupo que ali permanece.

Ele é o heroi.
 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Ser retórico ou ser retórico?

A retórica do ser


Hoje acordei com uma imensa vontade de não ter sido.
Não queria ter sido fraco quando fui
Não queria ter sido nada
Não queria ter sido tudo
Não queria ter sido ingênuo
Não queria ter sido malicioso
Não queria ter sido autêntico
Não queria ter sido sincero
Não queria ter sido amado
Não queria ter sido lembrado quando estava ausente
Não queria ter sido vivo
Não queria ter sido morto
Não queria ter sido espero
Não queria ter sido burro
Não queria ter sido inteligente
Não queria ter sido admirado
Não queria ter sido insultado
Não queria ter sido negado
Não queria ter sido aceito
Não queria ter sido sorrido
Não queria ter sido chorado
Não queria ter sido composto
Não queria ter sido cantado
Não queria ter sido escrito
Não queria ter sido tocado
Não queria ter sido certo
Não queria ter sido errado
Simplesmente, não queria ter sido

Após levantar, porque me dei conta que sou, resolvi simplesmente ser. É mais fácil do que não ser. É mais fácil do que resignar-se e deixar de ser tudo o que se é.
Achei que a escolha mais inteligente seria o viver, o estar, o sentir, o respirar, o ser, o ir, o vir, o comprar, o roubar, o tocar, o insultar, o cuspir, o simplesmete simples.
É muito mais fácil quando compreendemos que nossas vidas pairam de uma série de infinitividades do que quando nos adjetivamos. O adjetivar-se é limitar-se. É definir-se. O definir-se é uma frustração que busca resolver-se em simplesmete dar aos outros a ideia daquilo que somos (ou gostariamos de ser). Quando nos adjetivamos, quando gritamos 'Sou assim e os outros que me aceitem!" é porque, na verdade, não somos assim. Não somos nada do que ditamos ser. Não somos ditadores de nós mesmos.
Julgo mais inteligente, interessante o infinitivar-se. Quando nos infinitivamos, simplesmente causamos aos nossos interlocutores a agenda do mistério. Cada um quer anotar de nós uma nova palavra para definir. Passamos a ser notados e anotados pela perspectiva de quem nos ama e nos odeia. É a mais pura e inteligente mágia do saber usar-se nas palavras e mostrar-se no que se é de fato. Não se deixar simplesmente ser porque alguém disse que somos.
Sabemos usar o impressionante poder do verbo, palavra que denota toda ação e não configura diretamente uma reação de outrém.
Eu ainda acordo com vontade de não ter sido. Pois que em mim paira simplesmente o ser.
O ainda dizer-se de seja me parece soar como ter que seguir uma ordem de alguém, mesmo que seja eu mesmo na minha ordem que vem de dentro.
Então porque simplesmente não ?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Question

 No que você está pensando?




Talvez você diga: "Minha vida não está de acordo com minhas expectativas". Se a vida perguntasse o que você tem feito por ela, qual seria sua resposta? Não adianta querer encurtar o caminho: é preciso equilibrar o rigor e a misericórdia, a disciplina e a entrega. Nada acontece sem esforço, nem mesmo os milagres. Para que um milagre ocorra, é preciso ter fé. Para se ter fé é preciso vencer todas as barreiras dos preconceitos. Para se derubar as barreiras, é preciso ter coragem, é preciso dominar o medo. E assim por diante. Vamos fazer as pazes com nossas vidas. É preciso lembrarmos que a vida está do nosso lado. Ela também quer melhorar. Mas, para que isso aconteça, precisamos ajudá-la também.
Se a vida perguntasse o que você tem feito, qual seria sua resposta?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Carioquês




Sempre pensei no que era de fato o 'jeitinho brasileiro' ou 'jeitinho carioca'...
Após trabalhar com o ensino de português para estrangeiros, descobri - ou percebi - o que é de fato o 'jeitinho'.
Acho mais interessante falar do 'jeitinho carioca' (já que sou um!).

Vamos tentar partilhar alguns significados de expressões cariocas:

A gente se fala – Expressão de despedida oficial. Significa: “Tchau. Ambos sabemos que eu não vou te ligar e você não vai me procurar” (“Pô, adorei te ver, a gente se fala!”).

– Tem origem no “aí”. Pode querer dizer algumas coisas: indicação de lugar (“Cadê fulano? Tá por ”); um vocativo (“, que horas são?”); ou mesmo junto ao “pô”, para compor (“Pô , vacilo…”).

Arroz – Aquele amigo que está sempre acompanhado de mulheres e nunca “pega” ninguém. É aquele que nunca é o prato principal, sempre servindo de acompanhamento (“Pô aê, fulano é maior arroz”).

BG – Baixo Gávea – reunião de tradicionais bares populares, na Gávea. (“Partiu BG?”). Os mais famosos são o Braseiro e o Hipódromo.

Bolado – Preocupado com alguma coisa (“Fulano ficou bolado…”), pode ser usado no aumentativo também (“Meu pai ficou boladão com meu boletim”).

Bora – Abreviação de “vamos embora” (“Bora lá em casa?”).

Brother – Amigo, cara, parceiro, sujeito, indivíduo, ser (“Coé, Brother! Você não vai acreditar…”).

Bucha – Mané – Vem do termo bucha de canhão, significando imprestável (“ele vacilou pra te dar um beijo? Que bucha!”).

Coé – “Qual é” em carioquês, usado para começar frases também (“Coé, vamos pra praia hoje? Coé parceiro!).

Dar um balão – Enganar alguém no relacionamento (“Vai sair escondido da esposa? Conseguiu dar o balão?).

Dar um migué – É como dar um balão, mas comercialmente (“Pô, fulano deu o maior migué, saiu sem pagar!).

Dar um perdido – Igual a “dar um balão” (“Fulano mal começou a namorar e já tá dando perdido na menina”).

Demorô – Talvez tenha origem no funk “Ô demorô para abalar”. Significa que um acordo foi fechado! (“Vamos nos ver amanhã? Demorô!”).

Fala sério – Expressão de incredulidade (“Ele ficou com essa baranga? Fala sério”! “Fala sério que a Madonna vai cantar?”).

Formô – Similar ao “demorô”, mas tem ligação direta com algum programa futuro. Também oriundo da expressão funkeira “Formô o bonde” (“Vamos praquela festa mesmo? Formô”).

Ih, alá! – Expressão de surpresa quando a pessoa vê algo inusitado. Vem do “Ih! Olha lá”Nada a ver com a maior divindade Islâmica (“Ih, alá! O cara dançando em cima do ônibus”).

Já é – Quer dizer Formô. Uma expressão que alguma coisa vai ser concretizada. (“Partiu BG? Já é”).

Maluco – Amigo, cara, parceiro, sujeito, indivíduo, ser (“Maluco, você não vai acreditar…” ou “Tu conhece aquele maluco?”).

Mané – Mané (“Coé, mané! Partiu BG?”).

Mermão – Vem da expressão “Meu irmão” (que seria uma tradução da expressão Brother), mas vale pros amigos ou conhecidos (“aê mermão, a parada é a seguinte”).

Mermo – Jeito carioca de falar “mesmo”, utilizado desde o flanelinha da praia até os altos executivos (“É mermo? Que mané!”).

Muleke – Idem ao mermão. A grafia com k é oriunda do uso da internet (“Coé muleke!”).

Ninguém merece – Demonstração de insatisfação. (“Ele não falou com você? Ninguém merece!”).

Partiu? – O jeito carioca de convidar (“Partiu praia?” “Partiu night?”) Note que não se usa o “para” depois. Não cometa a gafe de perguntar: Partiu PARA a praia?

Passa lá em casa – Misto de despedida educada com mentira deslavada. Quer dizer “Tchau, nos vemos por aí qualquer dia… Nunca jamais apareça na minha casa”. (“Ah, foi ótimo te encontrar, passa lá em casa”).

Perdeu a linha – Referência a alguém que fez algo inconsequente/insensato/sem noção. (“Fulano bebeu todas… Perdeu a linha!” – nesse caso também caberia o Ninguém merece”).

Prego – Mané (“Fulano é maior prego”).

Se liga – Presta atenção (“Se liga no que vou te falar…”).

Tá de saca, né? – Abreviação de: você está de sacanagem comigo, não é? (“Você vai de bota e cachecol nesse calor? Tá de saca, né?”).

Tá ligado? – Entendeu?, Sacou?, Está sabendo, Prestou atenção? (“Tá ligado no trânsito, né?”).

Tamo junto – Demonstração de afeto entre amigos, pode derivar da expressão tamojuntoemisturado (“po,tamo junto parceiro!”)


Bem, se não bastasse esse minidicionário, ainda temos que lidar com a sonora do sotaque carioca.
Não se vê um carioca que não comece uma frase com um "pô!" ou "porra!", "cara", não importa para quem seja; desde que seja o melhor amigo ou para uma pedra. Acho muito interessante a calma, leveza e paz de espírito de um carioca. Admiro isso desde minhas próprias atitudes; sempre que um aluno chega atrasado em minha aula pedindo mil desculpas por estar atrasado (na concepção dele sobre o assunto), eu respondo o meu usual "Relaxa! Isso é Rio."

E para constatar minha notação de funcionamento linguístico no que toca o comportamento da "língua carioca", sempre vale a pena ver o Filme '2012': No momento em que o mundo está acabando e todos os personagens estão no aeroporto, no meio de todo aquele caos, encontramos um famigerado e apressando russo que (devemos compreender seu nervosismo, afinal o mundo estava acabando), dizendo: "Anda! Vamos! Estou com pressa!" (ou algo assim).
Em resposta à sua atitude "grosseira" temos a representação de um brasileiro, curitibano, o ator Luis Melo, que mais parecia representar um carioca, dizendo, calmamente, cariocamente:
"Relaxa, gringo!"

domingo, 27 de janeiro de 2013

Lá vita è adesso


La vita è adesso! Sim, é.

Hoje tentei encontrar meu blog antigo e, por alguma razão, não consegui fazê-lo.
Ao tentar fazer meu login tive problemas porque o blog pedia uma série de dados que eu já não lembrava.
Fiquei um pouco triste, frustrado por saber que deveria me lembrar de coisas importantes como o meu login, senha e afins. Após algum tempo, consegui me lembrar de tudo. Ao conseguir entrar no meu blog, havia esquecido completamente o porquê havia tentado entrar lá. Talvez porque quisesse escrever alguma coisa, colocar para fora minhas frustrações, medos, dúvidas, já que, por morar sozinho (ainda que tenha muitos amigos), nunca acho que haja alguém capaz de me compreender; meu modo radical, agressivo, bruto, austero... No fundo, eu bem sei que ainda há uma certa fragilidade no interior da minha alma. O único problema é que se trata de uma fragilidade tão perdida que mesmo eu não sou capaz de encontrar.
O nome do meu blog era La Vita è Adesso! (A vida é agora!), inspirado na canção de Claudio Baglioni, cantor e compositor italiano, autor de uma das minhas músicas favoritas.
Ao tentar escrever algo novo em meu blog velho, descobri que não havia em mim inspiração porquanto a vida é agora. Eu já havia passado do tempo comigo mesmo.
Resolvi pensar no agora da vida. Tive que sentar e, depois de muito tempo repensar me dei conta de que teria que criar um blog novo.
Iniciou-se minha epopeia no tocante 'a tentativa de criar um novo nome'. Parece que todas as pessoas pensam como nós. Pensam nos mesmos nomes que pensamos. Isso começou a me frustrar um pouco. No meio da minha frustração, após pensar em muitos nomes diferentes. Me veio um:

http://lavitaeadesso85.blogspot.com.br/



Aqui estou eu... um novo blog, mas não consigo me livrar do nome - tampouco quero fazê-lo.
Não consigo pensar num mundo onde a vida não seja agora. A vida é agora e já faz alguns minutos que estou tornando o agora em passado e ao mesmo tempo em um novo presente. O agora é tão rápido, tão automático que não há um momento sequer em que não se possa pensar nele sem que ele já não tenha passado.
O meu agora está no seu agora.

Não deixe de andar uma manhã sem se conhecer porque a vida é agora.
O tempo é aiônico, está intrínseco àquele momento em que, se não rirmos de uma piada agora, ela não fará a menor graça em dois minutos.

Adoro isso!