Conhecimento é poder.

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Por que o ler faz bem ao que há dentro de nós.

sábado, 4 de maio de 2013

A vida ou os teus alicerces de gelatina?


"Sou o que sou! Não vou mudar!"
Esta é uma das frases mais ouvidas em nossa sociedade, em nossa cultura.
Não é difícil acreditar que todos já tenham dito esta frase um dia. Ou alguma outra frase parecida: "Têm que me aceitar do jeito que sou!".
Frases como essas são apenas manifestações de uma cultura que prega o amor ao próximo sem saber de fato o que o amor significa. É comum que as pessoas mais preocupadas em falar do amor são aquelas que menos o praticam. Isso é natural.
Em uma sociedade onde se impera o cristianismo, o dinamismo fica para trás. O que permanece é a estática das ideias. As pessoas são sempre as mesmas, têm as mesmas opiniões sobre tudo e qualquer coisa e sempre estão prontas a fazerem de seus mundos a coisa mais perfeita a ser visto pelos os olhos de outrém.
Uma prova disto é o próprio perfil do facebook.
Quem já encontrou um perfil onde alguém dissesse que detesta animais e crianças?
O cerne de toda esta situação pode estar associado ao fato de que todos tentamos construir uma boa aparência, tentando mostrar ao mundo o melhor de nós. Pelo visto, não faltará muito para que comecemos a adotar crianças africanas para mostrar mais ao mundo do melhor de nós, o melhor que somos.
É lamentável que seja tão difícil em uma cultura como a nossa rasgar o peito e gritar o que se pensa. Aquele que o faz é expulso da sociedade. Involuntariamente, não faltam Platões que possam expulsar poetas.
Ainda assim, Platão não expulsou poetas por prazer, preconceito ou despeito; fez aquilo por medo.
O poeta é um criador e, assim como na Grécia antiga, a nossa sociedade moderna também vive relutando a diferença. Quando o se diz que o diferencial é o que importa, esquecem-se de dizer que o diferencial é o que assusta. É irônico.
Criadores questionam. A filosofia de Platão não estava pronta para ser questionada.
O que encontrávamos então eram duas forças antagônicas: uma era o poder da criação, a poiesis, a outra era o amor à sabedoria (filo+sofia). O poder da criação não pode se chocar com o amor pelo saber.
Já dizia a Bíblia, no livro de Provérbios: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria".
Assim está nossa sociedade hoje: conformada sem se notar confrontada com o antagonismo de dizer que nunca vai mudar a cada vez que se muda. A cada vez que ocorre uma mudança.
Alguém pode dizer que mantém hoje, em sua idade atual, a mesma ideia que mantinha quando tinha 18 anos, um momento em que se estava descobrindo o próprio corpo e fundamentando seus estreitos sociais com o universo a sua volta?
A vida é uma constante mudança e, portanto, é triste dizer que nunca iremos mudar. Já estamos mudando. Só se diz que se é o que se é sem nunca se mudar quando alguém nota em uma outra pessoa uma mudança ou quando uma pessoa quer justificar-se por alguma mudança de opinão mudada.
A vida é sempre assim, ainda que não aceitemos ou não queiramos notar ou mesmo até que notemos e não queiramos aceitar.
Mesmo em uma novela, não há casal que comece nos primeiros capítulos e terminem juntos sem nunca terem se separado; o casal personagem não suportaria passar todo o tempo juntos. Seria cansativo demais. É necessário um movimento contínuo, desesperado, de mudanças, de medo, encontros e desencontros.
O mesmo se dá na vida.
Não é a vida quem imita a arte. É o oposto. O mundo das ideias está aqui, na vida que criará a arte. Somos nós os criadores. Não há espelho mágico que nos faça atravessar para o outro lado. Se há um multiverso que cruze com o nosso mundo, ele não está do outro lado de um espelho ou debaixo d'água.
Dizer que se é o que se é, é dizer-se estático, imóvel, sem vida. É deixar claro que, não importa o que aconteça, nunca se sairá do lugar.
É necessário ser sensível à vida, ao chamado do universo, ao farfalhar da folha de uma árvore, é necessário ouvir uma gota de orvalho pingando.
Pense em apenas uma palavra: evolução.
Seja sempre o que você é ou o que quiser ser. Mas, lembre-se de sempre mudar.
É importante.
Quando você muda, há um movimento de mudança no universo que atrai e se sente atraído por você.
Perder este movimento pode ser um perda irreparável.
Tenha sensibilidade de entender ao menos a diferença entre o nada e o vazio.

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