Conhecimento é poder.

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Por que o ler faz bem ao que há dentro de nós.

domingo, 19 de maio de 2013

Seja


O amor não está além das nuvens.



Tirada por mim, Moisés Santos no alto da pedra da Gávea


"Perdemos tanto tempo tentando definir o amor e a vida que esquecemos de amar e viver. E assim, o amor não é e a vida passa..."





Sim, esta frase é minha.
Não a copiei de lugar algum e foi com ela que acordei para a vida de hoje.
Não, não se trata de acordar para a vida. Se trata de acordar para a vida de cada dia. E foi com esta que acordei. Foi o que me veio a mente pela manhã. Quando acordei, levantei, lavei meu rosto e me dei conta de que era domingo. Tinha uma longa viagem da minha casa ao centro da cidade e, do centro à Nova Iguaçu para viver mais um dia no meu projeto.

Durante minha viagem, minha frase não parava de martelar minha mente.Quanto tempo será que perdemos para tentar definir tudo o que está à nossa volta sem sequer lembrar de viver o indefinível?
A vida não se define, vivemos; o amor tampouco... amamos.
A triste impressão que nos fica é a de saber que o ser humano se sente melhor quando busca respostas para perguntas que não precisam, que estão no óbvio, em frente de cada um de nós.
Chega a ser cruel a imagem formada em nossas mentes de que o ser humano se sinta melhor quando abaixo de um jugo que pesa em suas costas e o faz andar quase que como pastando.
Não se vive felicidade. Ao inferno com a eudaimonia. A felicidade não importa.
A esperança se esvai com a caixa de Pandora e tudo o que sobra são as perguntas. Sequer se fica a vontade de viver. E todos sentem medo de morrer.
Se a vida se resume ao medo que se tem de viver e à morte que chegará em algum momento, o que há de errado com o meio, com o intervalo, a lacuna entre o início incerto e fim certeiro?
O que será que impede tanto ao ser humano de viver uma vida pura e amar-se, e, proporcionalmente ao próximo se o fim é o deitar-se sem nada do mesmo modo que veio?
Em fraldas começamos e em fraldas terminamos.
O que há de errado na História?
Para que tantas perguntas se não haverão respostas?
Estas são as minhas perguntas. Meu questionamento errante pela vida está no porquê da escolha do não viver. E ao que parece, se vive... como se nunca fosse morrer e se morre como se nunca tivesse vivido como já dizia certo dito.
Enquanto viajava naquele ônibus pensava, ao som de Maria Rita, que não parecemos fazer questão da vida. A impressão é que em nossa sociedade, a nossa vida não tem importância, ou ao menos não tanto quanto a vida alheia. Triste. Notei que, enquanto ouvia música e olhava para a rua que se movimentava porquanto meu ônibus andava, alguém olhava para mim parecendo querer saber o que eu pensava.
E eu pensava nisso: escrever. Colocar para fora a frustração que me atingiu pela manhã.
Talvez tenha sido uma bela frase, talvez só mais um para um adesivo de caminhão, mas foi minha frase. E não veio por beleza poética, veio por frustração matinal.
Mas também é poesia. É criação. É minha filha esta frase. Não vou criá-la e alimentá-la para que cresça. Esse é o maior dom que a palavra não precisa para se fazer viva; ela se faz crescer por si só enquanto outro a lê, seja para bom ou mau juízo. Ela tem seu próprio valor e com o valor vem a força.
No meio de minha frustração nasceu a beleza. Ela nasce mesmo em qualquer lugar.
Acho que deveria ter falado com aquela pessoa que me olhava o endereço do meu blog, pois entre todas as pessoas a quem dedico esse texto, vai também para ela.
Era nisso que eu pensava o tempo todo: não amamos, não vivemos, o amor não é, a vida passa.
Não quis dizer que o amor não existe porque o próprio existir já envolve um peso um tanto quanto negativo na questão proposta. O existir está associado ao ex-essere aquilo que sai do ser quis me referir à tristeza de o amor não ser, porque o ser é eterno, não importa quantas Eras passem, o amor sempre será amor. Sempre será entre nós ao invés de estar, uma vez que o verbo estar envolva a possibilidade da mudança de estado podendo não estar entre nós amanhã.
Fico triste só de pensar que precisamos materializar a ideia de algo que intermedie o amor de nós. Não consigo visualizar um ser vivo que tente me orientar sobre quem ou o que amar. Está no meu senso comum e também no incomum. Não é possível imaginar que tudo isso simplesmente passe por nós como se nunca tivesse acontecido.
Não é justo que, no fim, o amor não seja, a vida passe e fique sobrando para nós a frustração, a dor e o lamento de não ter amado ou vivido.
Não é justo que, no fim, não tenhamos sabido amar, culpando alguém por não nos ter ensinado quando o amor estava em nós a todo instante e ficávamos ali, perdidos e escondidos pelo medo de viver enquanto sabíamos que o fim seria o deixar de ser, a morte.
Por isso desejo que saibamos sempre viver e amar.
Sejamos o amor.
 

Paz!

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