Conhecimento é poder.

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Por que o ler faz bem ao que há dentro de nós.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Ser retórico ou ser retórico?

A retórica do ser


Hoje acordei com uma imensa vontade de não ter sido.
Não queria ter sido fraco quando fui
Não queria ter sido nada
Não queria ter sido tudo
Não queria ter sido ingênuo
Não queria ter sido malicioso
Não queria ter sido autêntico
Não queria ter sido sincero
Não queria ter sido amado
Não queria ter sido lembrado quando estava ausente
Não queria ter sido vivo
Não queria ter sido morto
Não queria ter sido espero
Não queria ter sido burro
Não queria ter sido inteligente
Não queria ter sido admirado
Não queria ter sido insultado
Não queria ter sido negado
Não queria ter sido aceito
Não queria ter sido sorrido
Não queria ter sido chorado
Não queria ter sido composto
Não queria ter sido cantado
Não queria ter sido escrito
Não queria ter sido tocado
Não queria ter sido certo
Não queria ter sido errado
Simplesmente, não queria ter sido

Após levantar, porque me dei conta que sou, resolvi simplesmente ser. É mais fácil do que não ser. É mais fácil do que resignar-se e deixar de ser tudo o que se é.
Achei que a escolha mais inteligente seria o viver, o estar, o sentir, o respirar, o ser, o ir, o vir, o comprar, o roubar, o tocar, o insultar, o cuspir, o simplesmete simples.
É muito mais fácil quando compreendemos que nossas vidas pairam de uma série de infinitividades do que quando nos adjetivamos. O adjetivar-se é limitar-se. É definir-se. O definir-se é uma frustração que busca resolver-se em simplesmete dar aos outros a ideia daquilo que somos (ou gostariamos de ser). Quando nos adjetivamos, quando gritamos 'Sou assim e os outros que me aceitem!" é porque, na verdade, não somos assim. Não somos nada do que ditamos ser. Não somos ditadores de nós mesmos.
Julgo mais inteligente, interessante o infinitivar-se. Quando nos infinitivamos, simplesmente causamos aos nossos interlocutores a agenda do mistério. Cada um quer anotar de nós uma nova palavra para definir. Passamos a ser notados e anotados pela perspectiva de quem nos ama e nos odeia. É a mais pura e inteligente mágia do saber usar-se nas palavras e mostrar-se no que se é de fato. Não se deixar simplesmente ser porque alguém disse que somos.
Sabemos usar o impressionante poder do verbo, palavra que denota toda ação e não configura diretamente uma reação de outrém.
Eu ainda acordo com vontade de não ter sido. Pois que em mim paira simplesmente o ser.
O ainda dizer-se de seja me parece soar como ter que seguir uma ordem de alguém, mesmo que seja eu mesmo na minha ordem que vem de dentro.
Então porque simplesmente não ?

Um comentário:

  1. É como disse o Ian Mecler ( Portal da Cabala ) numa aula: "sou como sou". E ponto final.

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